Ele tinha uns trinta anos e nem era bonito, mas tinha um peito que parecia muito sólido e macio e usava roupas que favoreciam. Aquele não devia escrever pornografia. Era o professor de informática do colégio, imagine o tipo. Eu escrevia. Dos meus cadernos saía tudo quanto era fluido - e uma parte pequena, mas considerável, seria dele, a pele escura sob os tecidos de algodão, uma tensão nos ombros que denunciava que ali havia sim um corpo, os meus cadernos sabiam. Depois de uns anos fiquei sabendo que ele teve um tumor no cérebro e morreu em dois ou três meses, de repente. Ficou muito puto e não falava com ninguém, morreu sozinho, nem tinha família. Ah, e dessa você vai duvidar: ele desfilava no carnaval.
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4 comentários:
Esse texto deveria ser mais longo, sete linhas foi pouco. Precisei ler algumas vezes para vizualizar, o sentido concentrado pede atenção e nem sempre a gente tem.
Mas gostei muito.
concisão, lacuna
favoritado já!
Bom! Imaginar tal criatura desfilando no carnaval é surreal. concordo com Sabina, queria saber mais desse cara, as loucuras e cirroses diárias.
Bom mesmo!
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