domingo, 20 de abril de 2008

Isabella no escuro

Tem acompanhado nas últimas semanas o caso da menina com assombrado interesse: guarda os jornais, as revistas, imprime as matérias e até deu de gravar o noticiário. Em um caderninho, antes de dormir, escreve ansiosa: "Hoje os peritos descobriram sangue na roupa da madrasta". Como se fosse um acerto de contas. Dentro do caderninho guarda uma foto dela mesma quando criança: entre os pais, aquele sorriso amarelo de um menino que não queria ser. E lembra as palavras da mãe: "eu não tenho mais filho". Isabella, coincidentemente, é o nome que escolheu para si. E, sozinha no domingo à noite, ela freqüentemente abre a janela de seu apartamento para se certificar de que não há nenhuma tela de proteção entre ela e o mundo.

4 comentários:

marcos disse...

"Acaba-se produzindo uma hierarquia das mortes: algumas merecem mais atenção do que outras."

Berenice Bento, "O que é transexualidade" (São Paulo: Brasiliense, 2008)

júlia disse...

achei bonito esse, marcos, delicado

Ana C. Bahia disse...

gostei demais.

bernardo rb disse...

isabelita dos patins

 

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