quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

o poema sem título é do cão

Sou para mim mesma como um cachorro, às vezes o chamo de filho e rolo a bolinha vermelha. Nem sempre ele vai atrás. Embora no escuro vá me rangendo os dentes é um dócil e depois de latir rebola a cauda pras visitas. Passo semanas sem vê-lo enquanto na mesma sala empilho papéis, meus jogos de montar, enquanto ele, esquecido, dorme. Nunca a céu aberto, embora finja, às vezes, a loucura dos mendigos, não sabe suspeitar a chuva, nem nunca confunde trovões com estrondos nas noites de festa, quando soltam os artifícios. É tanta luz do dois olhos que dele no céu se confundem às vezes o fogo cão me cega e eu lhe sigo, em órbita, a lambida na minha mão, ternura onda a se criar sobre meu dedo. Volto a ter mãos, patas não.

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