segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Tempo

Quando levei Lênin para passear, pela manhã, meus olhos divisaram algo dourado na calçada, parecido com uma moeda. Lênin avançou sobre, e tive de controlá-lo com a coleira até que eu pudesse abaixar-me e pegar o metal reluzente. Era uma engrenagem dourada, um disco dentado, desses de relógio antigo. Que coisa. Sem mais, pus o disco no bolso e fomos embora. No dia seguinte, outra peça, no mesmo lugar - quieto, Lênin! - uma roda dentada e vazada, grossa uns cinco milímetros. A pus no bolso com cisma; quem está a desmontar um relógio e deitar as peças pela calçada? No dia seguinte, eis-nos com outra peça. Olho para o alto e vejo, pendurado no nada, logo acima das cimas dos telhados, um relógio-cuco aberto e eviscerado.

Um comentário:

Jeferson Ferreira disse...

Bom... Misterioso. Faz parte do grande projeto?

 

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