Não quer sair da cama nesse país. Inventava brisas aos olhos mal-abertos. Seus vinte e nove. Os cabelos, matéria-prima de todos os romances, cresceram. Quem elogiaria? Tira a crosta vermelha da garganta, passa o batom rougindo. O verão dos aniversários, janelas abertas, onde está? Não importa quanta água espalhe pela casa, a secura trilha gotinhas de sangue do nariz. Vai em direção a entrada do gás, aumenta a calefação. Sua mãe diria do absurdo, pelo clima do sangue. Mas não há nada. Seus sonhos de criança se resolveram: os pais estão mortos, os irmãos na terra do abandono e os amigos finalmente falam a língua desnatural das relações. Ela sabe que nunca perderá o português. Nem a neve, nem o vento, nem ninguém.
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3 comentários:
"iracema voou para a américa"
...
mas juro que eu pensei na plath
"em direção a entrada de gás"
meu deus. é como se isso fosse uma carta um bilhete pra mim. soh que pra nao perder o portugues eu canto, ou ligo pra embaixada, ou leio em voz alta as cartas e postais que trouxe comigo, ou qualquer coisa, sei lah. hoje eu acordei achando que tinha chovido de noite, achei que de madrugada a chuva tinha me acordado um pouco. saudade de quando chove um mes inteiro, aqui quando acontece chuva nao dura muito mais do que 1 semana. mas aqui é bonito também. é bonito até quando arde.
parabens pelo texto, ele é incrivel e todos os demais etceteras.
laura
tenho adorado júlia
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