quarta-feira, 30 de abril de 2008

os dias seguidos aos dias

Não quer sair da cama nesse país. Inventava brisas aos olhos mal-abertos. Seus vinte e nove. Os cabelos, matéria-prima de todos os romances, cresceram. Quem elogiaria? Tira a crosta vermelha da garganta, passa o batom rougindo. O verão dos aniversários, janelas abertas, onde está? Não importa quanta água espalhe pela casa, a secura trilha gotinhas de sangue do nariz. Vai em direção a entrada do gás, aumenta a calefação. Sua mãe diria do absurdo, pelo clima do sangue. Mas não há nada. Seus sonhos de criança se resolveram: os pais estão mortos, os irmãos na terra do abandono e os amigos finalmente falam a língua desnatural das relações. Ela sabe que nunca perderá o português. Nem a neve, nem o vento, nem ninguém.

3 comentários:

Anônimo disse...

"iracema voou para a américa"

...

mas juro que eu pensei na plath

"em direção a entrada de gás"

Anônimo disse...

meu deus. é como se isso fosse uma carta um bilhete pra mim. soh que pra nao perder o portugues eu canto, ou ligo pra embaixada, ou leio em voz alta as cartas e postais que trouxe comigo, ou qualquer coisa, sei lah. hoje eu acordei achando que tinha chovido de noite, achei que de madrugada a chuva tinha me acordado um pouco. saudade de quando chove um mes inteiro, aqui quando acontece chuva nao dura muito mais do que 1 semana. mas aqui é bonito também. é bonito até quando arde.

parabens pelo texto, ele é incrivel e todos os demais etceteras.


laura

Ana C. Bahia disse...

tenho adorado júlia

 

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