quarta-feira, 17 de setembro de 2008

onde há calma nem sempre pode haver movimento

Dizem que viajar liberta. Eu vi o mundo? Passei por aqui e não reconheci um pedaço. Outros sítios pelos quais não estive quebram a totalidade inviável. Estou quebrada em pedacinhos, mosaico do que vi. E não estou mais livre. Não vi a lua. Sou um mosaico por montar dentro de uma caixinha. Mas não estou empoeirando embaixo de uma cama, nenhuma bota me pisa e o seu lobo não vem. Estou cá na rua, a tomar chuva entre os Antunes e as namoradas dos Antunes. Não sei se já fui uma delas. Mas muitas vezes estive entre elas. Um dia aprenderei a deixar de me sentir um vaso, em cima de uma lareira que nunca se acende, este sim, coberto pelo pó de um fogo antigo.

4 comentários:

júlia disse...

charans
(prometo que volto a postar nos horários certos)

sabina anzuategui disse...

que bonito: "passei por aqui e não reconheci um pedaço."

Rachel Souza disse...

Bonito! Júlia, há movimento em tudo...rs

júlia disse...

sim, rachel, penso que há movimento em tudo também. mas é uma citação obscura do único livro que consegui ler nesses últimos meses, "o anjo mudo", do português al berto. o trecho é assim:

"De repente tudo acalmou em mim. Caminhei até à aldeia que surgira na curva da estrada, como uma bênção. Percebi que ainda viveria muito tempo. E, enquanto acelerava o passo, descobri que a calma nem sempre tem força para construir um destino, não põe a vida em movimento."

 

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