Focou demais, perdeu. Porque se um poeta sobe até o alto da montanha o que faz um poeta? Escava um buraco. Grava um grito dentro da terra. Enterra seus livros o papel ácido pela terra vermelha, sem cerimonial o poeta chora seu pequeno incêndio. Estava cansado dos tampos de granito nas cozinhas, nas mãos das crianças - tão cedo e já negadas. Dos adultos tentando não se atropelar. E as luzes nos postes se acendendo ao fim do dia. Tentava se lembrar, "há maçãs que crescem em árvores, há o pasto". Agora no alto, o poeta se afunda. Não sabe se aproximar dos animais. "O ciúmes é uma galinha entre as paixões. É uma ave que não voa." Esse lirismo de mariposa, pra quem a lâmpada é todo mapa de uma cidade.
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4 comentários:
Adorei a segunda e a terceira frases.
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Estranho porque escrever sobre "o poeta" é difícil mesmo.
obrigada, querida,
mas "o poeta" é quem que você viu aí?
Ah, se você escreve "o poeta" eu imagino um ser abstrato, quase uma caricatura, um símbolo do que seria "ser poeta" em geral.
O Laerte tinha um personagem engraçado assim, meio caricatura, meio lírico.
entendi, é isso mesmo que eu imaginava ao escrever, mas como você disse que "o poeta" e as minhas sete linhas anteriores faziam uma referência ao drummond, fiquei pensando se de repente você via algum poeta-poeta mesmo, fiquei curiosa
o Laerte é O cara, né?
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