segunda-feira, 12 de maio de 2008

Procura

Observava os trevos, um a um. Fuçava pelos canteiros como um cachorro atrás da caça. Com a lente de aumento, esquadrinhava cada centímetro da terra, atrás de um trevo de quatro folhas, por menor que fosse. Do lado, o cachorro não parava de latir para tudo aquilo que via; não havia um besouro para o qual o canídeo não latisse, seus latidos preenchiam todos os milissegundos e todas as voltas de raciocínio. Alguém pôs a cabeça por uma janela e mandou-o calar a boca; um carro chegou buzinando. O trifolioscopista nosso, tão nosso!, finalmente achou um trevo, um delicadíssimo trevo de quatro folhas. Não será uma deformidade? Sacou a pinça para puxá-lo à terra e, como raio, o trevo enfiou-se novamente no solo.

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