segunda-feira, 15 de setembro de 2008

La lluna

Eram quase onze horas de uma noite quente entre Natal e Ano-Novo. Tínhamos escolhido fugir para cá, para a Vila de Paranapiacaba, porque é tranqüilo. Andávamos com a maior calma do mundo e era já tarde da noite, a luz branca da lua cheia fazia com que os vagões carcomidos fossem recifes de coral. Na passarela, quando voltávamos à pensão, ela segurou minha mão e boiamos no vago azul profundo. "Que pensa você?"; "Penso na lua, essa lua, 'que passa entre todos os séculos e os teus olhos'". Subimos a rua de paralelepípedos e das casinhas de madeira parecia sair uma musiquinha suave de oboé, de todas as casas. À porta do seu quarto me despedi e fui para o meu. E a lua, por uma fresta da madeira, não me deixava dormir.

3 comentários:

júlia disse...

lindo de inusual sérgio, lindo

sabina anzuategui disse...

gostei do tom calmo, de sonho, mas será que algumas expressões não exageram na metáfora sentimental? "recifes de coral", "vago azul profundo". Não consigo entender isso se não houver ironia.

Sérgio disse...

Sabina,

Não, não houve ironia. As expressões, digamos que são incidentais, com forma e cor mesmo, de ambientação.

 

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