domingo, 4 de janeiro de 2009

matura

Ilharga, osso, algumas vezes é tudo o que se tem.
Pensas de carne a ilha, e majestoso o osso.
E pensas maravilha quando pensas anca
Quando pensas virilha pensas gozo.
Mas tudo mais falece quando pensas tardança
E te despedes.
E quando pensas breve
Teu balbucio trêmulo, teu texto-desengano
Que te espia, e espia o pouco tempo te rondando a ilha.
E quando pensas VIDA QUE ESMORECE. E retomas
Luta, ascese, e as mós do tempo vão triturando
Tua esmaltada garganta... Mas assim mesmo
Canta! Ainda que se desfaçam ilhargas, trilhas...
Canta o começo e o fim. Como se fosse verdade
A esperança.

(Hilda Hilst, Cantares do Sem-Nome e de Partidas)


Com quinze anos eu ouvi da professora de literatura que a poesia de Castro Alves era condoreira, o condor sendo bicho de alto vôo, alto mais que tudo. Naquele ano eu dei meu primeiro beijo, abaixo da cintura o zíper aberto no pano sem cor de um carro à noite. Aos dezessete o amor se tornou palpável como busca, e eu mordia lábios inferiores tentando engolir qualquer coisa de sólido sem conseguir. Eu era tábua rasa tentando partir. / Faz quase três anos eu te conheci e encontrei o amor, così bello e perduto, uma falta que a gente faz, sem distração. Chegar no mapa ao lugar e não vamos residir. É escrever num corpo estrangeiro, embalar hordas de bárbaros, capricórnio / de asas douradas / o pé no coração; com penas e carne, mais alto que tudo.

6 comentários:

júlia disse...

meu garoto!

júlia disse...

é um belo abre alas pro primeiro domingo do ano, marcos. que me inspire!

júlia disse...

respire?

Anônimo disse...

(:

Anônimo disse...

gostei muito do blog. muito mesmo. de repente tu gosta do meu:
www.poesiaimoral.zip.net

sabina anzuategui disse...

lindo. isso: "chegar no mapa ao lugar e não vamos residir".

 

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