sexta-feira, 16 de maio de 2008

flor da manhã

descabelados na cama fria, jamais arrumada ou vestida, bocejos sem cansaço. escuto-os. tentado se levantar lençóis buscando manter-se em pé. o asco da noite anterior decantado, o corpo morto [cabelo] [vinho tinto tecido]. levantar – movimento desarrumado – tronco, ancas e pernas se encaixam por quê? não seriam uma coisa só? colocar-se sobre os pés: conjunto amarrotado de tecidos despertos em fleuma dirigida e firme. objetivo: 1) banheiro pálido; 2) janela ou vista; 3) escova. ligar o som: talvez, de acordo com o ruído. a arte de manter-se em pé. os lençóis finalmente se levantam e distintos quase se deitam, mas há: 1) que descolar certo amarrotado; 2) que sair; 3) evaporar.

Um comentário:

Anônimo disse...

e era sexta-feira pela manhã e eu não tinha lençóis, só uma capa vagabunda de sofá, os pêlos dele entre os meus dedos e a esperança de uma foda burocratizada num dia útil antes do trabalho. Ele me falava de feng-shui, de aveia, de como ele é uma pessoa espiritual (sem ser dogmática) e não me deixava abaixar o zíper. Mas quando abaixou, que fartura, meu senhor! Vinte minutos e um copo d'água depois eu saí pra rua, esperando evaporar antes de chegar à esquina. Mas não deu certo.

 

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