Tantos traços animais, num só quarto de princesa. Cresceu, virou rainha cansada de desastres, correndo nossa cena em direção à praia. No descampado espanto do mar, lançou uma maldição ao olhar do outro antigo e por um raio partido foi transformada em sereia. No barco amurada, engraçando os dentes de madeira entre velhos marinheiros e disparatadas garrafadas de bons augúrios, escreveu no pensamento de um navegante: aqui é tudo de ponta cabeça e as aves não têm jardim. O mundo é mesmo uma claustrofobia circense. Jura que não gosta de turismo, nem de verniz e que espera pelo dia que uma pulga, que uma traça a roa por dentro o corpo de madeira, assim sumindo um pouco num farelo pela água.
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2 comentários:
Nada, Esta Espuma
Por afrontamento do desejo
insisto na maldade de escrever
mas não sei se a deusa sobe à superfície
ou apenas me castiga com seus uivos.
Da amurada deste barco
quero tanto os seios da sereia.
ana c.
BRINDE
Nada, esta espuma, virgem verso
A não designar mais que a copa;
Ao longe se afoga uma tropa
De sereias vária ao inverso.
Navegamos, ó meus fraternos
Amigos, eu já sobre a popa
Vós a proa em pompa que topa
A onda de raios e de invernos;
Uma embriaguez me faz arauto,
Sem medo ao jogo do mar alto,
Para erguer, de pé, este brinde
Solitude, recife, estrela
A não importa o que há no fim de
um branco afã de nossa vela.
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