segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Melancias

O inferno deve ser assim; só que no lugar da água, o fogo. A água vazou do rio e entrou quase dois quilômetros várzea adentro, ou seja daqui, do Parque Dom Pedro até a Porteira do Brás; não tenho galochas; as pessoas enfiam os seus fuscas na enxurrada e os ônibus não se atrevem. A água vai baixar, não será eternamente as tintas do Benedito Calixto e sua várzea inundada que prevalecerão. Ora, terá de baixar. Eu, aglomerado aqui com esse monte de gente na esquina da General Carneiro e da 25 de março só vejo a água barrenta trazer restos de sonhos e cacos de vidas, desde Santo André. Queria mesmo estar mais para frente, junto ao Mercado. As melancias a boiar devem ser mais poéticas.

2 comentários:

júlia disse...

pegam-se quinze
faz-se um bote
atravessamos o atlântico
conquistamos lisboa
regressamos pela ásia
você, ocidental, será comido
eu - não- viro um melão

sabina anzuategui disse...

Gostei muito. Só acho talvez desnecessário usar a palavra "poéticas" aplicada às melancias. Apenas mencioná-las já seria (poético) sem o dizer.

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Adoro a série do B.C., as inundações da várzea do Carmo.

 

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