terça-feira, 24 de março de 2009

Cortina japonesa

Em meu quarto de menina, no prédio em que moramos antes do pai morrer, cabia a cama e um armário de duas portas. Tinha um espelho na parede e cortina japonesa sobre a janela basculante. Eu achava a casa da Tamy mais bonita que a minha. Não gostava tanto dela, sim de sua casa. Um dia me fechei no quarto, sentei de costas para a porta e tentei colocar um lápis de madeira na vagina. Talvez tivesse uns 10 anos. Era um lápis grande e grosso, brinde da madeireira que fornecia tábuas para a marcenaria do pai. Às vezes, sentada no banco do piano, tinha a impressão de ver seu fantasma atravessando a sala. Depois minha irmã cortou todo o fio do telefone com a tesoura.

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