quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Depois de entregar sete pratos seguidos, como nunca acontece nesse restaurante, de dentro da cozinha as galochas brancas rangem uma oscilacao, semi-passos, antes so trocam o peso do corpo de um pé para o outro. Satisfaçao de cumprir, hesitaçao de nao saber como voltar, o que eu fazia agora mesmo?, a pausa de sempre. Morde o labio. Nao percebe que estou olhando. Uma gravata corre o olhar esbaforido de quem nao enxerga um palmo a direita de sua c/c. Alguem traz a mao em outro corpo, polo cor de rosa, pela cintura. Muita luz. Fecho os olhos: tua doçura que me leva. Nada é mais bonito do que uma brecha de ternura que escapa de um homem. E vem dar no céu aberto. Que pena, nenhuma Olivetti em Milano.

Um comentário:

sabina anzuategui disse...

gostei muito.
no livro "lexico familiar", natalia ginzburg, ela fala muito de um jovem da família olivetti, envolvido de alguma maneira com a resistencia na segunda guerra. é bonito.

 

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