Um pedacinho do muro! Vejam só, eu lembro de quando o muro caiu. Minha sogra trouxe da Europa um cartão-postal do Landesarchiv Berlin que tem encrustado, numa caixinha circular de plástico, um naco do muro, do tamanho de uma unha, grosso como a polpa do dedão da mão. Na foto, a Volkspolizei mal humorada. E eu vi aquilo cair, estava no primeiro ano primário; a professora Elza tinha um ar seráfico. E o muro caia. Picaretas, martelos; perto de casa erguiam uma delegacia pré-construída, triste como um fóssil de museu, e eu a via de cima do trepa-trepa. Na minhas mãos, agora, um postal com um fragmento da História. Mostro para o meu pai: "Que muro? Tem um monte de entulho no fundo do quintal".
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