segunda-feira, 16 de junho de 2008

Ilhas Malvinas

Em todos os mapas, em todos os cantos, nunca vi duas ilhas serem tão simbólicas para um povo. Até na previsão do tempo do jornal, aquele pedacinho irredento de Argentina está locado, como se, efetivamente fosse parte do território nacional. Pretensões todos temos, todo o tempo. As nossas Malvinas intangíveis que, no máximo, podemos fazer-lhes um memorial, como o que há na Plaza San Martin, com direito a chama eterna e guarda de honra. Cada um tem as suas Malvinas, exato, ao contrário da Argentina, nós podemos ter várias, como se cada ilha do Arquipélago fosse um desejo. Não é à toa que uma das grandes ilhas chama-se Soledad.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olha, o tema das Malvinas é complicado, no comeco do texto senti-me na sintonia, mas no momneto em que ele fala dos arquipelagos e de cada ilha ser um desejo... nao consegui, e acho que justamente tem a ver com o lugar que elas ocupam no imaginário dos argentinos. Até antes da guerra com Inglaterra, elas eram uma coisa assim, um desenho num mapa, uma coisa abstrata (vc sabe que só a determinada edade que os humanos somos capazes de fazer a operacao de abstracao que nos permite entender que aqueles desenhos como manchas de cafe numa folha, atravessados por linhas inteiras e cortadas é um pais, sao fronteiras, territorios, povos, línguas, nacoes). Mas despois da guerra de 1982, que foi livrada pela crueldade e torpeza (tolice?) do governo militar da época num ato desesperado por recuperar a popularidade perdida (de fato, no ano seguinte já comecava esta era democrática pra a argentina), essas porcoes de terra, essas duas ilhas áridas, frias e longinquas, pra mim, pelo menos, falam da solidao num sentido monstruoso, da solidao e o desamparo dos meninos que tao jovens foram enviados a morte e ao sofrimento em nome de outra abrstracao (a patria) e que, quando aqueles que sobreviveram conseguiram voltar, foram esquecidos pela patria, nao tiveram praticamente subsidios de tipo nenhum, nem ajuda psicologica, nehum tipo de contencao nem de reconhecimento por ter ido lá no u do mundo pra defender o que? Contra um pais com a melhor flota naval do mundo occidental!!! Pra mim essas ilhas falam de loucura geral, de um povo sem memoria que esquece tudo, de uma geracao atormentada (lembro do meu professor de economia na escola, que era muito amigo da turma, muito lider, muito companheiro, e que virou careca muito novo porque varios amigos dele morreram aos 18 anos na guerra das malvinas), de imperialismo, de totalitarismo, e de caras que te pedem na rua umas moedas pra viajar ou pra comprar um vinho, em troca de um sticker ou um troco de tecido estampado com as ilhas atravessadas pela bandeira argentina.
Ha algumas novelas de autores argentinos que falam sobre as malvinas, sao legais mas muito duras também: a primeira que saiu muito perto do conflito foi ¨Los pichiciegos¨do Fogwill, um escritor do caralho. Uma outra muito boa, mais recente, é de um escritor que eu conhecí na Letras, que da aula de literatura do século XX e inglesa, Carlos Gamerro, a novela se chama ¨As ilhas¨.

Sérgio disse...

Caro Anônimo.

Percebo que, quando escreves, és de língua castelhana, e muito provavelmente argentino.
Veja, a questão das Malvinas (que me recuso a chamá-las Falklands), no caso, é a mera visão e depreensão de um turista em Buenos Aires. Digamos que é muito mais a visão de um brasileiro (qualquer um que tenha ouvido falar das ilhas) e o sentimento de distância.
Claro que a Argentina ter lançado-se loucamente contra a Grã-Bretanha foi um disparate desesperado de um regime moribundo. Talvez, se a invasão brasileira à Guiana Francesa tivesse ocorrido (não o ocorreu por causa da renúncia do Jânio Quadros), a Argentina não teria lançado-se no Atlântico Sul.
No Brasil, nada igual houve. É ridículo reclamar a Guiana Francesa porque a administramos (nós e Portugal, como Reino Unido) ou que os seis anos que o Uruguai ficou em nossas mãos; aí é o papel dos ingleses.
Fico com as sugestões (assim as considerei) de leitura; é assunto que me atrai muito. E agradeço o elucidativo comentário.

 

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