no peitoril da janela, a xícara largada há meses, úmida da chuva. guardou ali porque um dia seria documento histórico – "a xícara receptora", "deixada naquele período", anotaria no caderno. o valor do objeto transformando o objeto de valor blá blá. enrolado entre os lençóis ele dormindo, finalmente dormindo. a fineza de perceber uma pequena carícia não humana no pênis: o sono. ao lado, o telefone da herança, dourado, não funcionava. o celular desligado. a vida cabia ali. essa dor indeterminada de haver terminado a mudança, as coisas todas guardadas no apartamento. no abrigo. tudo pronto. mas pra quando chega? na parede nova um bilhete antigo, faz um tempo: um velho calção de banho/ o dia pra vadiar.
sábado, 16 de agosto de 2008
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2 comentários:
passar a tarde
nossa, gostei muito desse texto. muito mesmo.
além disso estou curiosa para entender a ligação com as outras cenas de mudança.
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