domingo, 31 de agosto de 2008

O cachorro morreu e eu nem fiquei tão triste assim

Ultimamente vivia de nariz quente porque a tristeza seca e amorna os cães, se eu soubesse então pegava-a nos meus braços e dava-lhe o amor que eu tinha pra dar e que estava ali, tão sincero e desimpedido quanto um mês de férias, eu de tristeza prolixa que gosta de se vangloriar, a cachorra com esforço enorme ainda assim servil bateu o rabo, duas três vezes, e obediente se apagou. Amar um cachorro é algo assim sem verbo, só posse. Quando criança matei o peixe e o luto foi: o que não teria mais. Hoje não sei o que será do corpo, a veterinária se encarrega, à noite uma festa e no futuro canis. O que eu tenho é mesquinhez e uma alegria dura e cheia de autocontrole, de quem pode ter.

4 comentários:

sabina anzuategui disse...

gostei muito; sou sensível a cachorros.

bernardo rb disse...

eu de minha parte falo sem parar com minha cachorra, uma espécie de glossolalia. amá-la pra mim é totalmente verbal e inclusive perco o controle da direção da causação.

júlia disse...

alegria dura e cheia de autocontroleeeeee

sabina anzuategui disse...

oi, marcos
estive olhando esse blog: http://asescolhasafectivas.blogspot.com/
eu não conhecia e fiquei surpresa, me pareceu muito bom.
talvez a gente pudesse incluir na lista de links.
abraços!

 

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