sábado, 21 de junho de 2008

mantendo os objetos afastados

voltei lá e tudo o que consegui achar foram uns recortes velhos e umas revistas. as gavetas já estavam todas em cima da cama: demarcaram muito claramente o que é que eu deveria olhar. seria polêmico abrir os armários (insensatez retirar o forro zig-zag, a parede toda despedaçada). pelo menos o mofo foi atenuado, as gavetas respirando como animais domésticos. lembrei de M., que dizia algo sobre o incomunicável: o incomunicável é o desejo. a comunicação se fecha em si mesma. chorei e quis também rir. as gavetas eram uma piada. não se comunicavam. joguei tudo no saco, revistas, pastas e até um diário. não coube nada no porta-mala e resolvi deixar o saco na esquina mesmo.

3 comentários:

marcos disse...

inventário

júlia disse...

gostei desse b, gostei mesmo

vi na rua de casa antes de ir viajar um saco desses de algu+em que jogou tudo fora das gavetas e haviam rasgado, papéis de todo tipo, contas, viagens, revistas, sobre o asfalto, escancarados

imaginei que se o dono atravessasse a rua ali, caso morasse na esquina, o que ele sentiria por aquele lixo seria ainda com ele?

sabina anzuategui disse...

pode ser simples demais, mas me comovo com essas frases: "chorei e quis também rir".

 

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