Ana entrou sorrindo mas fingia. Antonio apertou o play e ela assistiu mal humorada o filme que o namorado tinha escolhido para ela. Depois deitaram-se juntos sem dizer uma palavra. Ana esperava que Antonio adivinhasse sua euforia, que ela naquela noite queria beber, dançar e dormir tarde. Henrique, a poucos metros dali, passou a noite alternando doses de cachaça e copos d'água. Quando Henrique chegou ao bar, Agnaldo, do outro lado do balcão, separou para o cliente um copo americano e o preencheu quase inteiro de Ypioca. Henrique sorriu e, enquanto bebia, mergulhou numa infância distante quando antes de ele chorar a mãe lhe adiantava o peito polpudo de leite.
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4 comentários:
Gostei. Acho que essa é uma das poucas maneiras que a prosa em terceira pessoa me convence: seca, objetiva.
"objetiva"? achei esse texto o menos objetivo dos que o tony publicou. ele tem uma lacuna que deixa a leitura escapar.
hm, sei não, acho que essas 42 linhas de silêncio não deram certo, vou começar a pensar em outra coisa.
Mas... o texto é objetivo. A lacuna é uma interpretação, não desmente a forma da escrita.
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