Um dia ela viu um exército amarelo e vermelho marchando em direção a ela, rua acima. Mas isso não foi tão assustador quanto a consciência de que as crianças são cruéis, cruéis e rodeiam a nossa casa sussurrando assassínios, metem-lhe venenos, provocam vazamentos. Houve uma vez também em que um homem agachado à sua janela à noite imitava grilos para assustá-la. E, enquanto ela dormia, ele polia freneticamente os puxadores das gavetas. Minha avó passou boa parte da vida internada em eletrochoques. Minha mãe diz que seu retorno ocorreu na época em que eu nasci. Desde então o pânico acontece apenas de vez em quando, embora as vozes sejam constantes. E, curiosamente, ela nunca teve medo de mim.
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3 comentários:
meda das crianças cruéis
Minha avó vive essa história faz uns trinta anos. Ela nunca teve medo de mim, mas já me confundiu com personagens estranhos.
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