quinta-feira, 17 de julho de 2008

em algum lugar

tinha o quarto, as paredes verdes. o teto branco-estático. a cama sempre ali: deitar, sentar, levantar, deitar. tinha a sala, o sofá bege, um silêncio partido, entrecortado, e a gente lá: sai da cozinha, entra na cozinha, vai da sala para o quarto e por favor fecha logo a porta da varanda que é pra não. ninguém sabe o limite da memória, ninguém se lembra. mas sei que tinha uma narrativa interminável que unia os cômodos, um e outro e outro, distanciando cada pessoa. e dentro deles os afetos galopando. um pouco depois disso veio o desejo de fugir: "eu vou" - tirar tudo de dentro dos armários. rumo ao litoral. ao vento estendendo o nosso encontro para fora. e as paredes se desfazendo. acho que foi domingo de manhã.

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